Terminou... e tá doendo.
Bom, pelo simples fato de ser um fim, um rompimento, pode doer. Dói porque as expectativas não foram correspondidas, dói porque os planos feitos não serão mais concretizados, dói porque não me sinto amado. Dói porque me sinto um(a) trouxa. Dói. Às vezes dói mais, outras menos. Pode não ser dor, mas um incômodo, uma dúvida, uma culpa.
É comum no consultório ouvir pacientes querendo uma fórmula mágica pra esquecer o/a ex. Alguns se perguntam se não seria possível apagar tudo, dizendo que doeria menos, no estilo do filme “Brilho eterno de uma mente sem lembranças”**. Bom, (in)felizmente, ainda não dá pra apagar (mas o tema é tão pop que estão pesquisando sobre). Fato é que, após um término, você precisa se dar um tempo pra ressignificar o relacionamento, entender o que ele representou na sua vida, o que você aprendeu, o que ganhou e o que perdeu.
Não gosto muito de dar conselhos (porque as pessoas acham - equivocadamente - que essa é a função do psicólogo), mesmo porque se conselho fosse bom, a gente vendia. Mas, aqui vão algumas dicas que podem ajudar nesse momento (lembrando sempre que cada caso é um caso - mais um motivo de conselhos serem perigosos e/ou inúteis):
- Lembrar que não teve só o lado bom, também tiveram momentos ruins. Quando terminamos um relacionamento, temos a tendência a lembrar só das coisas boas e idealizar o/a ex como perfeito. Isso não existe. Pessoas perfeitas são fruto de nossa fantasia. Então: permita-se ter raiva da pessoa. Ela te machucou, é natural e esperado que você sinta raiva. Só não vale ter raiva de si mesmo e ficar se culpando. Lembre-se: um relacionamento é responsabilidade de duas pessoas (ou mais, dependendo do tipo de relacionamento que você estiver).
- Em tempos de Facebook/Instagram é mais difícil, mas evite contato com a pessoa ou o que lembre a pessoa (tipo fuçar o perfil dela). Lugares que costumavam ir juntos, coisas que costumavam fazer juntos, festas, perguntar pros amigos, ter notícias e atualizações não são atitudes saudáveis pra esse momento. Pode ser que tudo que você faça lembre a pessoa, então tente fazer coisas diferentes!
- Respeitar sua dor e seu momento. Os amigos e família vão fazer e falar de tudo pra te animar, mas só você sabe o que está passando. Se dê tempo. Isso não quer dizer pra você evitar os amigos ou não sair, apenas saber quando e com quem sair.
- Lembrar que você já é completo. Que a metade da laranja é só o verso da música do Fábio Jr.
- E a (talvez) mais importante: não generalize essa decepção. Crenças como “nunca mais vou namorar” ou "eu só me decepciono" não são saudáveis. Todos amamos e merecemos amor. O problema é que nem sempre encontramos alguém que ame como e quando queremos ser amados.
E se estiver muito difícil “segurar a barra que é gostar de você”, superar o fim, voltar a se sentir bem, a terapia é sempre uma boa opção!
**Você não conhece esse filme? Bom, aqui vai a sinopse: Joel (Jim Carrey) e Clementine (Kate Winslet) formavam um casal que durante anos tentaram fazer com que o relacionamento desse certo. Desiludida com o fracasso, Clementine decide esquecer Joel para sempre e, para tanto, aceita se submeter a um tratamento experimental, que retira de sua memória os momentos vividos com ele. Após saber de sua atitude Joel entra em depressão, frustrado por ainda estar apaixonado por alguém que quer esquecê-lo. Decidido a superar a questão, Joel também se submete ao tratamento experimental. Porém ele acaba desistindo de tentar esquecê-la e começa a encaixar Clementine em momentos de sua memória os quais ela não participa. (Fonte: Adoro Cinema http://www.adorocinema.com/filmes/filme-40191/ )