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Por que não consigo namorar?

Muitas pessoas reclamam e sofrem por não ter um namorado, um amor, alguém que as ame a as queira. É uma vontade tão grande que esconde um medo também grande: a vulnerabilidade. Afinal, a intimidade pode assustar. É estar exposto ao outro. É deixar de ter certezas. Isso é um risco! É não controlar o que sente e ter que admitir que depende (sem querer querendo) do outro. E que risco não ter controle e depender do outro! Só que é justamente a temida vulnerabilidade que possibilita a tão desejada relação. Mas, então, por que não queremos ser vulneráveis? Porque, muitas vezes, não podemos ou não conseguimos. E também porque temos a tendência de entender vulnerabilidade como fraqueza ou submissão, quando na verdade ela nos permite sermos nós mesmos: seres imperfeitos, com virtudes, vícios, manias, medos, fraquezas, qualidades e defeitos.


Não faltam livros, blogs, revistas, gurus e amigas com dicas e listas de como conseguir um namorado, de como manter um relacionamento, de como atrair homens/mulheres. Muita gente torce o nariz quando ouve o “seja você mesmo” como uma dica infalível pra “arranjar alguém”. E essa é a dica mais válida de todas possíveis. Sendo você mesmo, você está sendo autêntico e sincero consigo (e com o outro). Sem máscaras, personagens e, principalmente, “joguinhos”. Afinal, se você realmente quer um relacionamento duradouro, uma hora você terá que se mostrar como realmente é. Ninguém é perfeito e consegue manter o “disfarce” 24 horas por dia. Nem de si mesmo. É que quando as pessoas estão doidas pra ter alguém, elas enlouquecem mesmo. Se pretendem perfeitas e buscam uma perfeição (em si e no outro) que não existe e, que se aparece, não é real nem duradoura.

Corpo perfeito, maquiagem perfeita, cabelo impecável, inteligência, simpatia, bom humor e (talvez a mais perigosa de todas) uma etiqueta preestabelecida de como se comportar pra não perder o outro. (Aliás, ver o outro como coisa e sujeito à posse, não é saudável). E aí, ao fazer de tudo pra evitar a perda e ser aceito/amado, aparece o maior medo: o da rejeição. Temos uma ideia (consciente ou não) de que se o outro nos conhecer verdadeiramente, não irá gostar. Mas tem algo melhor do que alguém gostar da gente até com nossos defeitos?


Pra ter um relacionamento, afetar e ser afetado, é preciso estar aberto. E não fechado em certezas e estereótipos de como ser e estar com o outro. É deixar de se preocupar com as aparências, que sim, enganam. É preciso ser espontâneo ao invés de seguir “cartilhas” e opiniões. Ser você mesmo, mostrar-se, permite que o outro faça o mesmo. É conhecer-se para conhecer o outro. Ser vulnerável e aceitar a vulnerabilidade do outro.


Claro que a vulnerabilidade apresenta riscos e é por isso que existem as defesas psíquicas (que são inconscientes). Entendê-las e saber o porquê elas agem é um importante passo pra se conhecer e aceitar-se (nas fraquezas e imperfeições). É só aceitando a si mesmo que passa a ser possível aceitar o outro. A terapia ajuda no entendimento de nós mesmos e em lidar com nossos desejos. Ajuda, inclusive, a perceber se o que queremos é o que realmente desejamos e se estamos preparados pra isso. Se não conseguimos, provavelmente não estamos. Ainda.

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