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Disponibilidade do terapeuta

Certa vez, numa aula da faculdade, foi proposto um exercício sobre a disponibilidade do terapeuta. A questão era se disponibilidade era dispor de habilidade ou habilidade para dispor. Minha resposta? Os dois. Isso porque a habilidade para dispor é dispor de (uma) habilidade. Uma de tantas que o terapeuta precisa ter, mas talvez seja a mais fundamental.


Quando se fala em dispor podemos pensar em “colocar”, “arrumar”, “organizar” e até “desmanchar” (contrário de “por”). Mas a ideia que deve ficar é a de “fazer uso de algo”, que seria a habilidade. É fazer algo para alguém e com alguém. O terapeuta deve acompanhar e cuidar do paciente não apenas como paciente, mas como ser humano. O terapeuta é um “ser-com”. Afinal, sem paciente não existe terapia!


Tanto paciente quanto terapeuta precisam ter a capacidade de se expor (e isso também é uma habilidade que deve estar disponível) para que possam se envolver no processo terapêutico. A distância e neutralidade do terapeuta, apesar de buscada e enaltecida por muitos, é quase impossível. Isso porque estamos falando de relação entre pessoas, e não entre pessoa e objeto. Pessoas não são coisas (apesar de muitas vezes serem vistas e tratadas assim). O terapeuta, apesar de suas habilidades e conhecimentos, não é soberano de todo o saber. E esse é o risco que muitos correm (terapeutas e pacientes): achar que sabem tudo.


O saber é construído na relação terapeuta-paciente. O saber depende de quem é o paciente e de quem é o terapeuta. A velha história de “cada caso é um caso”. Assim, a disponibilidade do terapeuta está em se oferecer como instrumento. Instrumento de trabalho e reflexão. É dar e estar aberto a receber. É estar junto, acompanhando verdadeiramente o processo possível do outro e de si mesmo.

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