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Quem é o carente na escola?

É cada dia mais comum ouvir/ver (pseudo)diagnósticos de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) e dislexia nas crianças em idade escolar. Agressividade, comportamentos (a priori) inaceitáveis e até "caos perdidos". Tudo para justificar dificuldades no processo de aprendizagem e "desvios" de comportamento. Não podemos esquecer que não se pode falar da aprendizagem sem falar de ensino. É uma via de mão dupla. E qualquer falha nesse percurso, vira uma troca de acusações entre escola e pais (um jogando a culpa e a responsabilidade pro outro). Mas esse "desvio" e dificuldade pode não passar de uma carência afetiva da criança.


A demanda por afetividade é inconsciente, e muitas vezes seu acolhimento também é feito inconscientemente. É por isso que pode ser mais fácil lidar/vincular-se com alguns alunos do que com outros. Esse vínculo é importante mas nem sempre é fácil. Então, como se deve lidar? Se der muito carinho, pode-se perder autoridade, se ficar muito rígido e sério, a autoridade pode afastar os alunos. É uma linha tênue e que deve ser trabalhada com cuidado. O professor deve manter o profissionalismo e o respeito com o aluno, sabendo dosar a afetividade (“afetividade calculada”), propiciando ao aluno um desenvolvimento cognitivo e emocional sadio e equilibrado.


Sabe-se que a relação afetiva entre professor e aluno tem papel importante na qualidade da aprendizagem (e do ensino) e que muito do comportamento hiperativo e/ou agressivo de alunos em sala de aula pode se dar pela necessidade de atenção do outro. A afetividade, o grau de aceitação ou rejeição, a competitividade e o ritmo de produção estabelecidos em um grupo interferem diretamente na produção do trabalho. Além disso, atividades em grupo possibilitam a expressão, o questionamento, o planejamento, tomada de decisão, compromisso e partilhamento de tarefas, devendo sempre se atentar para articulação coerente das ações pessoais e coletivas. O grupo também possibilita descobrir e desenvolver habilidades e potencialidades. Por isso as atividades escolares devem ser em grupo, focando no coletivo mas não esquecendo do individual.


Muitas vezes a dificuldade de trabalhar com alunos se dá pela dificuldade que alguns deles têm de entender e seguir regras (o que também pode acontecer em casa com os pais). A regra prevê um contexto e só é aplicada quando é conhecida, tendo como função organizar as relações e orientar o trabalho. Assim, deve-se propor a criação das regras juntamente com os alunos, com a intenção de evitar a reprodução da punição ou do autoritarismo, comum nas relações com os professores. Elas devem demonstrar concordância e não imposição. O combinado denota respeito, dar um lugar ao aluno, considerar seu ponto de vista, ao mesmo tempo que o torna responsável. Porque no jogo de culpas e responsabilidades, todos fazem parte: professores, pais e alunos.

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