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O risco da projeção

Falei pro marido "Vc viu que agora ele estica os bracinhos pedindo abraço?" e o marido "acho que não é isso". Eu, em minha certeza frente a essa obviedade "é sim!" Obviedades à parte, esse é um ótimo exemplo pra falar sobre projeções! E seus riscos.


Projeção é uma forma de contato, uma das maneiras que nos relacionamos com o mundo e com os outros. Nós assumimos que o que queremos, pensamos, fazemos, esperamos é uma regra geral, o certo. Jogamos algo nosso (nossas certezas, modelos, achismos, críticas, medos, frustração, julgamentos) no outro. Sabe o velho "ah, mas ele acha isso" (não é ele, é vc), "fulano vai ficar chateado" (vc que ficaria) ou o novo "ele quer um abraço" (aí ele quer mesmo🙈) Veja bem, fazemos isso o tempo todo e sem perceber nas nossas relações.


Obviamente, na maternidade e, ainda mais, com um ser que apesar de se comunicar não fala ainda, usamos muito a projeção. O que funciona muitas vezes, mas tb pode ser um risco. Vc não sabe se seu filho gosta ou não de algo, quer ou não algo. Vc, baseada nas suas experiências, expectativas e nas evidências assume que. E pode acertar ou errar. E é assim que começamos a introjetar coisas nos filhos. Que podem ser válidas, úteis e reais, ou não. E é assim que tb vamos tendo nossa maternidade moldada por introjeções dos outros. É uma dança entre levar e ser levado, entre afetar e ser afetado. E no meio do caminho, em caso de estranhamentos ou desconfortos, parar pra perceber se aquilo é realmente nosso ou não. Se faz sentido pra gente ou não. Se estamos fazendo o que queremos e achamos certo ou só estamos querendo corresponder às expectativas dos outros ou seguir modelos que nos foram ensinados.


Enfim, com um filho precisamos estar atentas às nossas projeções. Nossos medos, expectativas, traumas, necessidades são nossos. E não precisam passar como um herança natural (apesar de quase sempre passar 🤷‍♀️). Talvez essa seja uma das tarefas mais difíceis da maternidade: evitar traumatizar um serzinho indefeso com nossas próprias dores.


Que nossas dores sirvam pra nos ajudar a perceber melhor, fazer diferente, ao invés de repetir padrões disfuncionais.

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